Antes que qualquer colega arquivista venha até esta página me apedrejar eu peço calma e atenção ao que vou escrever a seguir.

O título deste texto foi escolhido cuidadosamente para que você, arquivista, considere algumas coisas sobre nossa atuação profissional nos últimos tempos. Presumo que todos os leitores destas palavras já conheceram ou conhecem arquivos organizados e mantidos com maestria por historiadores, bibliotecários ou pessoas que possuem somente o ensino médio. Sendo assim, me permitam perguntar: Esses arquivos precisam de arquivistas?

Direta ou indiretamente vocês devem conhecer algum arquivista que cobrou de forma abusiva por um serviço de organização de documentos ou consultoria arquivística. O mesmo não terminou o serviço ou não o fez com qualidade, atrapalhando ainda mais a rotina dos profissionais que trabalham, diretamente com aqueles documentos. Lanço então, outra pergunta: Esses arquivos precisam desses arquivistas?

Recebi reclamações de amigos administradores, gestores e donos de empresas e até bibliotecários sobre o serviço inflexível de alguns arquivistas. A maior reclamação era que esses profissionais não ouviam o desejo dos funcionários e não trabalhavam de acordo com a cultura da empresa. Despejavam conhecimento de livros e de sala de aula sem observar o impacto sobre a organização detentora do acervo que estava sendo ‘organizado’. O resultado foi um arquivo bonito, bem disposto que não servia a empresa e atrasava as atividades de seus setores. Esses arquivos precisavam de  arquivistas cegos como estes?

A conclusão? Antes de batermos no peito e reivindicarmos “o espaço que é nosso e andam tomando de forma covarde”, observemos a nós mesmos. Se estamos fazendo um trabalho digno de reconhecimento. Se cooperamos para o engrandecimento ou vergonha da nossa profissão.  Se realmente podemos dizer que arquivo é coisa de arquivista.

Ultimamente, eu prefiro dizer que existem arquivistas competentes por aí!

Pra pensar…

Nem todo arquivo precisa de arquivistas…
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4 ideias sobre “Nem todo arquivo precisa de arquivistas…

  • 31/07/2012 em 09:49
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    Trabalho noa arquivo da Empres Fesp ( Federação da Unimeds e São paulo) e gostaria de saber quantas pessoas são necessárias para trabalhar em um arquivo de uma empresa de grande porte, para um bom gerenciamento das demandas?

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    • 8/08/2013 em 15:52
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      Caro Rodrigo,

      A quantidade de pessoas se adapta a cada tipo de demanda, por exemplo:
      se o controle é feito por prontuário ou por caixa? hoje já está organizado ou não?
      Na maioria das vezes um arquivo necessita de uma quantidade grande de arquivistas para organizá-lo, mas para mantê-lo organizado o número pode ser menor que a metade usada no inicio do processo.

      Qualquer dúvida por favor me contate.

      Resposta
  • 4/08/2012 em 07:56
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    Confesso que fiquei intrigado com o tema, e, quis saber que tipo de arquivo seria este que poderia tomar o meu lugar. Me surpreendi! Não se trata do tipo de arquivo, mas do tipo de arquivista.
    Não são os arquivos que fazem os arquivistas, mas os arquivistas é que estabelecem a lógica de guarda e recuperação das informações. Estes sim são arquivistas natos, pois são capazes de organizar e dar funcionalidade ao arquivo para que às informações possam estar disponíveis ao fácil e rápido acesso.

    Resposta
  • 9/08/2012 em 12:50
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    Caro André e demais amigos de profissão.
    Entendi perfeitamente o “recado”, do seu texto.
    Tramito nesta área de gestão de arquivos, há mais de 15 anos e afirmo que o maior segredo, se assim que podemos dizer, é conferir junto a cada departamento que tem seus documentos em arquivo, “de como estes irão buscar as informações, quando precisarem”, como se tal documento estivesse em seus próprios domínios.
    Quero dizer que, os documentos custodiados por nós arquivistas/arquivologistas, devem ter a técnica de catalogação inerente a ele, certamente. Mas, por outro lado, agora cientificamente falando, cabe ao profissional, digo a nós, manter um relacionamento focado em cada departamento e por conseguinte em cada documento produzido ou que teve passagem por ele. Este procedimento quando visto e revisto a cada dia, nos dá uma dinâmica nos procedimentos que devem ser adotados no arquivo. O resultado de tudo isso é uma melhor performance do profissional, uma agilidade nos procedimentos arquivisticos, confiança na metodologia adotada, e principalmente credibilidade de todos os setores para com o Departamento de Arquivo.
    Outro fator importante também e que não se pode esquecer é o “bom senso arquivistico”, e portanto, é fundamental mantê-lo junto a si. Para mais esclarecimentos sobre este ítem, fui buscar no Wikipedia, uma definição para melhor compreensão e a importância que devemos dar a isso.

    “Bom senso é um conceito usado na argumentação que é estritamente ligado às noções de sabedoria e de razoabilidade,e que define a capacidade média que uma pessoa possui, ou deveria possuir, de adequar regras e costumes a determinadas realidades, e assim poder fazer bons julgamentos e escolhas…O bom senso é ligado à ideia de sensatez, sendo uma capacidade intuitiva de distinguir a melhor conduta em situações específicas que, muitas vezes, são difíceis de serem analisadas… Para Aristóteles, o bom senso é “elemento central da conduta ética uma capacidade virtuosa de achar o meio termo e distinguir a ação correta, o que é em termos mais simples, nada mais que bom senso.”

    Triplice Abraço a Todos.

    Resposta

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