O Arquivo Nacional timorense vai ser fortalecido e renovado com a contratação de mais funcionários, formação especializada, mais equipamento e programas de apoio bilateral com Portugal e a Indonésia, disse à Lusa o ministro da tutela.
Dionísio Babo, ministro de Estado, Coordenador dos Assuntos da Administração do Estado e da Justiça e ministro da Administração Estatal, explicou que na última visita ao espaço confirmou a necessidade de medidas adicionais para fortalecer a instituição.
Trata-se, explicou, de “reforçar o orçamento, que era bastante reduzido, com quadros insuficientes para o projeto, sem formação técnica adequada ou a necessitar de reforço e sem equipamento necessário suficiente” para que o Arquivo Nacional opere adequadamente.
Um pequeno apoio dado pelo Brasil não foi suficiente pelo que, explicou, foram assinados protocolos de colaboração com Portugal e a Indonésia – os dois maiores componentes do arquivo provém dos períodos de colonização portuguesa e de ocupação indonésia.
“Já se realizaram vários encontros de trabalho que definiram um conjunto de ações a implementar, para reestruturar quer a entidade quer o trabalho em curso, incluindo manutenções, recrutar mais pessoas, formar mais”, explicou.
Babo disse que tem falado igualmente com as autoridades portuguesas sobre a possibilidade de um protocolo de cooperação, incluindo com a Torre do Tombo em Lisboa e que o Governo está a estudar a possibilidade de instalar o Arquivo nacional noutro espaço, mais adequado.
“Há contactos com a biblioteca da Torre do Tombo e ainda na semana passada falei com o senhor embaixador de Portugal para começar já com o envio de algumas pessoas para fazerem um estudo comparativo”, disse.
“Espero incluir este aspeto na agenda da minha próxima visita a Portugal”, disse Babo recordou a importância do arquivo para Timor-Leste, onde grande parte dos registos foram destruídos durante a onda de violência que ocorreu entre 05 e 20 de setembro de 1999.
“Temos documentos históricos, muitos de grande importância, que são cópias únicas e não se encontram em Lisboa, Macau ou noutra parte do mundo. Temos de preservar melhor este material”, frisou.
Apesar da destruição que o país viveu, as centenas de metros lineares de arquivos incluem o maior espólio da administração colonial de Timor-Leste.
A base do Arquivo Nacional sobreviveu durante os 27 anos de ocupação indonésia ‘escondida’ no sótão do Palácio do Governo em Díli.
Depois de um primeiro tratamento do historiador José Matoso, essa coleção inicial tornou-se depois o coração do arquivo criado em 2000.
Quinze anos depois, os maiores segredos que contém continuam por revelar, com o Arquivo Nacional a debater-se com falta de meios técnicos e recursos financeiros e humanos especializados para tratar documentos, alguns dos quais datam do século XVIII.
Há ainda milhares de caixas de arquivo da administração ocupante indonésia, documentação deixada pela administração transitória da ONU e outras que, desde a independência, o Arquivo Nacional foi recolhendo dos sucessivos governos timorenses.
Fonte: Sapo.tl