Ultimamente, tenho refletido sobre a responsabilidade do arquivista frente a valorização de suas funções e/ou atribuições. Isso tem movido minhas pesquisas pessoais e tenho empreendido energia nisso. Querendo entender um pouco do que pensa este profissional, busquei informação direta na fonte. Cheguei a algumas conclusões descritas neste artigo.

Muitos arquivistas reclamam de alguns aspectos que seriam um entrave para a o desenvolvimento e valorização da profissão. Muito se fala do desrespeito de muitas empresas que, ao invés de contratar profissionais formados preferem economizar contratando pessoas com nível médio completo; o famoso “técnico de arquivo”. Ouço muitas reclamação, inclusive, da remuneração oferecida para os cargos de arquivista que, em inúmeras vezes, é consideravelmente abaixo do piso salarial (falando do Rio de Janeiro especificamente). Outra reclamação recorrente é sobre o tratamento dispensado aos arquivistas em determinadas empresas; onde o mesmo acaba sendo tratado apenas como um trabalhador braçal, que não tem capacidade de pensar a estrutura informacional da instituição. se queixam de historiadores, sociólogos, pedagogos e até mesmo bibliotecários, por se apropriarem de boas vagas de emprego.

Os estudantes de arquivologia reclamam! Sim eles reclamam! Dentre as reclamações estão a falta de estrutura no ensino, exploração de mão –de –obra barata por parte de algumas empresas ( trabalho disfarçado e estágio ), escassez de oportunidades de estágio com condições dignas de trabalho, de arquivistas que não ensinam e tão pouco, passam conhecimento; de professores que além de não terem didática, não abrem espaço para o diálogo. Reclamam do governo que, não oferece a assistência devida ao ensino superior público, da pouca referência bibliográfica voltada a formação básica do arquivista e de muitas outras coisas que precisariam de cem laudas para elencar.

Pois bem, quem fala o que quer acaba ouvindo o que não quer! Esse é um dito popular que muito me agrada, pois é a mais pura verdade. Antes de falar dos outros e das outras coisas, proponho neste momento que, falemos de nós profissionais e estudantes. Meus amigos arquivistas, como podemos cobrar respeito das empresas e das outras áreas se não tomamos atitudes para isso? Você é a cara da sua profissão e não adianta querer tirar essa responsabilidade de vossas contas. Vocês tem se atualizado para ser a resposta das necessidades das instituições onde trabalham? Vocês denunciam propostas de emprego abaixo do piso e que desrespeitam direitos trabalhistas?  Vocês se manifestam de forma espontânea aos acontecimentos ( bons ou ruins ) relacionados a profissão e colegas de classe? Procuram se atualizar de acordo com os desafios do mercado de trabalho e necessidades do mundo moderno? Se há algum profissional que lê este artigo e tem respostas positivas a estas indagações, eu os aplaudo de pé e agradeço por serem exemplos e referenciais para as empresas e futuros arquivistas! Vocês são, sem sombra de dúvida, a força motriz para a arquivologia continuar caminhando e crescendo. Se há algum estudante de arquivologia que, também lê e tem respostas positivas as questões acima; eu os aplaudo de pé, e grito com todo minha força “muito obrigado”. Serão vocês, em um futuro muito próximo, que conduzirão as pesquisas e conquistas profissionais desta área. Prossigam nesse caminho sabendo que trabalho duro e sacrifício não pilares da vida profissional de pessoas de caráter e visão. E vocês, arquivistas e estudantes que, não tem respostas tão positivas a essas indagações eu lamento. Sei que muitos têm jornada dupla, são pais ou mães solteiros, se preparam pra casar, tem familiares que inspiram cuidados e outras tantas razões para isso. Aceito, respeito e admiro vocês. Entretanto, peço a vocês que considerem a importância de serem mais participativos em seus trabalhos e em questões de classe. Certamente sei que possuem idéias e questionamentos valiosíssimos capazes de provocar mudanças. Vale o sacrifico. São nessas horas que percebemos que podemos ir além.

Tenho um recado a galera do “deixa a vida me levar”! Se for pra reclamar comam mais arroz e feijão. É inadmissível que pessoas que não se dedicam nem ao trabalho e a área de atuação ( eu sei muito bem o que estou falando ) manchem a reputação de uma massa que “faz acontecer”. Se for velho e não agüenta mais se aposente; se é novo e reclama todo santo dia da mesma coisa, fale menos e faça mais. Faça mais por você, por outros colegas de profissão. Se isso não resolver migre para outra área de atuação; abra espaço para aqueles que enxergam a arquivística com paixão.   

Escolha todos podem fazer. Escolhas todos devem fazer. Qualquer profissional, de qualquer área de atuação; alguma hora ou momento se depara com uma dúvida capaz de definir seu futuro de forma cabal: Excelência ou mediocridade? Essa questão não aparece assim, despida e clara. Entretanto, não é difícil identificá-la. A mesma se apresenta diversas vezes e nos dá oportunidades de mudar ou manter nossa escolha. Meus amigos arquivistas e estudantes de arquivologia, vivam além da mediocridade, abracem a excelência como estilo de vida. Isso com certeza terá um retorno direto na qualidade de vida e futuro de vocês.

Hoje os convido a serem excelentes em tudo quanto fizerem!

Que haja incomodação em nós para fazer um pouco mais a cada dia!

Entre a excelência e a mediocridade

3 ideias sobre “Entre a excelência e a mediocridade

  • 2/07/2012 em 21:26
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    Muito boa escolha do tema.

    Penso que não há meio termos, ou se trabalha com excelência ou se concede a vez para quem quer trabalhar.
    Não há tempo para mediocridade, nem tão pouco adianta reclamar, e talvez, a melhor pergunta para quem não está satisfeito é se realmente o arquivo é o seu lugar. Afinal a informação é de fato um dos bens mais preciosos das instituições, e, portanto, requer profissionais não simplesmente capazes de geri-la, mas, de estarem comprometidos a vestirem a camisa da excelência com a simples atitude de dar de si o melhor.

    Parabenizo pelo tema, e espero que muitos, a parti desta leitura, confrontem-se em sua realidade como profissional, e assumam uma posição afinal.

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  • 17/08/2016 em 18:58
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    Caro amigo,
    Apesar do tempo que faz a publicação deste artigo é tão atual que chega a me assustar! Quantos estudantes e profissionais da nossa área necessitam ler este artigo para que possa despertar?! Há uma mudança de paradigma muito forte e, por muitas vezes, não queremos enxergar. Não há como remar contra a maré! O Arquivista tem um desafio muito maior hoje, o de entrar de cabeça nas Tecnologias da Informação e Comunicação e traçar uma nova Arquivística efetivamente. Percebo, assim como você, uma nuvem de reclamações cobrindo a pouca ação por parte da nossa classe e isso é bem triste!

    Joseane Farias,
    Estudante de Arquivologia da UEPB.

    Resposta

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