Nos últimos dias foi divulgada pela Internet uma notícia de que o “ODF abandona a própria especificação”. O que o título dessas notícias não explica é que o ODF mencionado não é o padrão ISO/IEC 26300 (OpenDocument Format ou ODF) mas é a OpenDocument Foundation, apenas uma das diversas instituições internacionais que apoiam o ODF.

As razões que levaram a OpenDocument Foundation a não mais apoiar o padrão ODF ainda são um tanto quanto obscuras, mas os fatos concretos são os seguintes:

1 – A OpenDocument Foundation é uma das instituições que apoiam o padrão ODF e que participava do seu desenvolvimento no OASIS (instituição internacional que desenvolve o padrão) e que conta com a contribuição de diversas empresas e organizações (ex. Sun, Novell, IBM e Google entre outras).

2 – Alguns problemas literalmente burocráticos ocorridos no final do ano passado fizeram com que a alguns dirigentes da OpenDocument Foundation tivessem um atrito com o OASIS. Um destes problemas é devido ao fato de que cada empresa pode ter até 3 representantes nos comitês e a OpenDocument Foundation tinha inicialmente 29 membros. Este número foi reduzido para 15 e quando o OASIS solicitou que eles seguissem a regra (3 membros) eles não aceitaram. O acordo estava sendo fechado em 9 membros quando ouve a ruptura de vez da OpenDocument Foundation com o OASIS.

3 – Uma das sugestões que eles fizeram ao comitê, que não foi aceita por motivos óbvios, era a inserção de estruturas em XML dentro do padrão ODF para que pudessem ser transportados dados binários, o que segundo eles facilitaria a integração com o legado. Esta sugestão não foi aceita por todo o comitê e por isso foi abandonada. Além disso, uma funcionalidade semelhante está presente no OpenXML e foi um dos problemas técnicos mais severos encontrados pelo comitê brasileiro que avaliou a especificação. A existência de tal tipo de estrutura permite que dados proprietários sejam inseridos dentro de documentos, quebrando assim a sua independência de fornecedor e a interoperabilidade.

4 – Dados os problemas enfrentados entre a OpenDocument Foundation e o OASIS, alguns dos membros da OpenDocument Foundation se desligaram da instituição pois acreditaram ser imatura a postura deles diante dos debates e negociações com o OASIS.

5 – Diversas empresas que apoiavam a OpenDocument Foundation se desligaram também, e além disso, a OpenDocument Foundation ficou em segundo plano internacionalmente na análise do OpenXML. Esta análise envolveu todas as demais entidades de forma ativa.

6 – A OpenDocument Foundation alega ter desenvolvido um plugin (DaVinci) para o Microsoft Office que suporta o padrão ODF. Segundo eles, este plug-in é 100% compatível com o legado e é software livre. O problema é que o plug-in só foi até hoje apresentado em congressos e eventos e o código fonte não está disponível. Eles tentaram buscar patrocínio junto a grandes empresas de TI para finalizar o desenvolvimento mas não obtiveram sucesso.

7 – O representante / dirigente da OpenDocument Foundation que divulgou as notas citadas nas matérias publicadas insiste em não usar seu próprio nome (alegando “privacy issues”), assinando apenas com o nick Marbux. É fácil escrever um monte de besteiras por aí sem mostrar a cara, não é mesmo ?

8 – O formato de documentos por eles defendido agora (Compound Document Formats – http://www.w3.org/2004/CDF/) nada mais é do que XHTML combinado com outros padrões abertos, como SVG e que tem tudo para ser o substituto de tecnologias proprietárias como o Flash mas está longe de ser um formato de documentos como é o ODF.

Em resumo, o ODF continua muito bem, obrigado.

Para mais informações sobre a ODF Alliance e sobre o padrão ODF, clique aqui.

Fonte: INFO Online

O ODF continua muito bem, obrigado
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